sábado, 23 de julho de 2011

Minha vez de dizer...

Cresci acreditando que apenas é possível falar quando se tem algo a dizer, muito embora vi por diversas vezes acontecer exatamente o contrário. Este pensamento preliminar pode me levar a também acreditar que apenas é possível escrever quando se tem algo a acrescentar o que já se ver por ai, em outdoor, livros e jornais, torpedos e bilhetes de amor, se é que estes últimos ainda existem. Interropendo toda a teriorização vã, devo dizer que tenho muito a dizer, mas talvez me falte por ora o cronojeito de fazê-lo. O fato é que me calei em muitas circunstâncias em que devia ter gritado, no entanto, não quero aqui registrar arrependimento, a não ser que também seja o arrependimento do fututo - a voz da consciência serenamente dizendo: - Te arrependerás! - uma vez que sei que em outras tantas situações voltarei a me calar. Não tenho problema com o silêncio, tenho com aquilo que se diz ou se escuta, a depender obviamente, que não fará falta aos ouvidos, aos seus próprios ou de outrem. Não quero a dizer aqui que deveremos ser sábios, ou apenas abrirmos o bico para sermos celebres em palavras. Nem ao menos quero dizer o que se é permitido dizer por aí, até porque o que digo aqui não é o que repito ali, pelo simples motivo que não repito em um lugar o que pensei e disse em outro, não que eu não lembre, mas porque deixei de ser aquele homem de cinco minutos atrás. É assim mesmo, sinto que mudo, e mudo pelo tempo - meteorológico e cronológico - mudo pelas relações, emoções, sensações, mudo por tudo e não estagno por nada. Pode-se até dizer, volátil feito as palavras, que vão seguindo o caminho do vento e se espalham de ouvido em ouvido, boca em boca. Talvez esta seja minha vez de falar o que não precisa ser dito, mas se diz. Poderia eu passar se escrever o que escrevi, poderia você passar muito bem, sem ler o que não leu. Poderiamos nós passarmos sem falar, como muitos outros, sem ler ou escrever, as pessoas passam de qualquer maneira, tornam-se felizes por opção com o que têm, ou infelizes com o que têm e não valorizam. Enfim, esta foi minha vez de falar...